O Poder dos Aromas na Jornada Contra o Cancro

No dia 4 de Fevereiro, celebra-se o Dia Mundial do Cancro, com o intuito de sensibilizar a população para a luta contra a doença. Este dia destaca a importância de apoiar os doentes, promovendo não só tratamentos eficazes, mas também no alívio dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida.
Tempo de leitura: 7 minutos

Descobre como a aromaterapia pode apoiar na luta contra o cancro, trazendo conforto e bem-estar

É neste contexto que a aromaterapia surge como uma abordagem complementar promissora, reconhecida pelas suas propriedades científicas no alívio de sintomas comuns em doentes oncológicos, como dor, náuseas, fadiga, ansiedade e insónias. O poder dos aromas vai além do simples prazer sensorial, tendo sido demonstrado que certos óleos essenciais podem mitigar os efeitos adversos dos tratamentos, proporcionando bem-estar físico.

Além disso, o aroma de certas plantas pode criar um ambiente acolhedor, essencial para a jornada emocional de quem enfrenta a doença. A combinação de ciência e prática holística revela como a aromaterapia pode oferecer alívio físico e psicológico, atuando de forma complementar aos tratamentos convencionais.

A jornada contra o cancro é desafiadora e única para cada pessoa. O uso de aromas adequados, apoiado por estudos científicos que comprovam os seus benefícios, pode ser um ponto de viragem, proporcionando aos doentes um conforto adicional e uma sensação de cuidado e bem-estar, permitindo-lhes viver a sua jornada com mais dignidade e paz.

Pesquisas científicas têm mostrado que certos óleos essenciais podem interagir com o sistema nervoso de forma a reduzir a perceção da dor, controlar náuseas e promover um estado de relaxamento, essencial para o alívio da tensão muscular e emocional. Aromas como lavanda, hortelã-pimenta e gengibre, por exemplo, demonstraram ter efeitos positivos na redução de náuseas e no alívio de dores, enquanto óleos como o de camomila e eucalipto têm sido eficazes no combate à fadiga.

Este artigo explora como a aromaterapia, fundamentada em estudos científicos, se tornou uma aliada poderosa no controlo de sintomas durante a luta contra o cancro, reforçando a importância de integrarmos alternativas terapêuticas no cuidado oncológico.

O que é a Aromaterapia?

A aromaterapia, que utiliza óleos essenciais extraídos de plantas com fins terapêuticos, visa promover o equilíbrio físico e emocional. Embora existam várias definições, organizações de saúde reconhecem o valor dessa prática como tratamento complementar no cuidado de doentes oncológicos. A Organização Mundial de Saúde (OMS), o National Cancer Institute (NCI) e a American Cancer Society (ACS) destacam o impacto positivo da aromaterapia na melhoria da qualidade de vida e do bem-estar psicológico dos doentes. Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Ordem dos Enfermeiros (OE) também consideram a aromaterapia uma prática complementar eficaz, especialmente no alívio de sintomas como dor e ansiedade.

Quais os óleos essenciais mais utilizados na oncologia?

Dentro do contexto da aromaterapia, diversos óleos essenciais têm sido eficazmente utilizados para promover o bem-estar físico e emocional. Por exemplo, óleos como a lavanda (Lavandula angustifolia) e a hortelã-pimenta (Mentha piperita) são amplamente reconhecidos pelo seu efeito no alívio da dor. A lavanda é particularmente eficaz na redução da dor e na promoção do relaxamento, enquanto a hortelã-pimenta, além de aliviar dores de cabeça e cólicas, ajuda a reduzir dores musculares. A camomila (Chamaemelum nobile), por sua vez, é conhecida pelas suas propriedades calmantes, ajudando no alívio de dores e irritabilidade.

Quando se trata de reduzir a ansiedade e o stress, óleos como o sândalo (Santalum album), a rosa (Rosa damascena) e a bergamota (Citrus bergamia) são frequentemente utilizados. O sândalo é eficaz no alívio da tensão emocional e no equilíbrio mental, enquanto a rosa contribui para o equilíbrio emocional, promovendo a redução do stress. Já a bergamota melhora o humor e diminui a tensão emocional, sendo útil em momentos de stress elevado.

Para combater as náuseas, especialmente aquelas associadas à quimioterapia, o gengibre (Zingiber officinale) é um óleo essencial amplamente recomendado, devido à sua eficácia na redução das náuseas. A hortelã-pimenta (M. piperita), além de ser útil para dores, também alivia náuseas e pode ajudar a melhorar o apetite.

Em relação à melhoria da qualidade do sono, óleos como a lavanda (L. angustifolia) e o ylang-ylang (Cananga odorata) são extremamente eficazes. A lavanda é conhecida por induzir um sono mais tranquilo e reparador, enquanto o ylang-ylang relaxa o sistema nervoso, favorecendo o descanso. A camomila (C. nobile), além de acalmar a mente, ajuda a induzir um sono reparador, sendo uma excelente escolha para quem sofre de insónia.

 

Evidência Científica da utilização da Aromaterapia em Doentes Oncológicos

Diversos estudos clínicos demonstram a eficácia da aromaterapia no alívio de sintomas de doentes oncológicos. Um estudo publicado no Journal of Pain and Symptom Management (2013) revelou que óleos essenciais como lavanda (Lavandula angustifólia) e hortelã-pimenta (Mentha piperita) são eficazes na redução da dor e da ansiedade. Outro estudo, no European Journal of Oncology Nursing (2016), concluiu que a aromaterapia ajuda a reduzir náuseas e fadiga associadas à quimioterapia. Uma revisão publicada na Cancer Nursing (2019) também destacou os benefícios da aromaterapia, principalmente no suporte psicológico, aliviando a ansiedade e a depressão.

Como se aplicam os Óleos Essenciais?

A aplicação de óleos essenciais em doentes oncológicos deve ser realizada com atenção redobrada, devido ao estado sensível do organismo durante o tratamento. A aromaterapia pode ser utilizada de várias formas, como inalação, massagens, banhos aromáticos e compressas, dependendo dos sintomas a tratar e das preferências do doente.

A inalação é uma das formas mais seguras e eficazes de utilizar óleos essenciais, especialmente para aliviar sintomas emocionais como ansiedade, stress e insónia. Pode ser realizada de duas maneiras principais:

  • Difusores: Óleos essenciais podem ser colocados em difusores para criar um ambiente relaxante e terapêutico. Os vapores liberados ajudam a promover o relaxamento e o alívio de sintomas emocionais.
  • Inalação direta: O doente pode inalar diretamente o aroma do óleo essencial a partir de um lenço ou pedaço de tecido limpo. Esta técnica é útil para alívio rápido de sintomas como náuseas, com óleos como gengibre (Z. officinale) ou hortelã-pimenta (M. piperita).

 

As massagens com óleos essenciais são uma excelente forma de aliviar sintomas físicos, como dores musculares e tensões, frequentemente presentes nos doentes oncológicos. Contudo, é essencial diluir corretamente os óleos essenciais em óleos vegetais (como amêndoas doces, coco ou jojoba) para garantir a segurança da aplicação, especialmente em peles sensíveis e fragilizadas.

As massagens podem ser realizadas em áreas do corpo com desconforto, como costas, ombros ou membros inferiores, utilizando óleos como a lavanda (L. angustifolia) ou o sândalo (S. album), que ajudam a aliviar a dor e a tensão muscular. A diluição adequada é crucial para evitar irritações ou reações adversas. A concentração recomendada para massagens varia geralmente entre 1% e 3% de óleo essencial em óleo vegetal, o que é crucial para evitar irritações ou reações adversas.

Os banhos aromáticos são uma forma relaxante e eficaz de utilizar óleos essenciais, especialmente para aliviar dores, fadiga e stress. A adição de óleos essenciais à água do banho ajuda a relaxar o corpo, aliviar músculos tensos e proporcionar um efeito calmante e restaurador.

Para um banho aromático, deve-se diluir os óleos essenciais em um pouco de sal Epsom ou óleo vegetal para garantir que os óleos se misturem bem na água. Óleos como lavanda (L. angustifolia) ou camomila (C. nobile) são excelentes opções para promover relaxamento e alívio da tensão.

As compressas com óleos essenciais podem ser usadas para aliviar dores localizadas, como articulares ou musculares, e para tratar inflamações. Podem ser aplicadas de forma simples, colocando um pano limpo embebido em água morna com algumas gotas de óleo essencial sobre a área afetada. Óleos como lavanda (L. angustifolia) ou camomila (Matricaria chamomilla) são ideais para este tipo de aplicação, proporcionando alívio imediato e efeitos calmantes.

Cuidados a ter com aplicação dos Óleos Essenciais no Doente Oncológico

A pele dos doentes oncológicos torna-se especialmente sensível devido aos tratamentos intensivos, como a quimioterapia e a radioterapia, que podem provocar efeitos como ressecamento, irritações e vermelhidão. Por isso, é fundamental ter cuidados redobrados ao aplicar óleos essenciais, a fim de evitar reações adversas.

A diluição adequada dos óleos essenciais em óleos vegetais é essencial para prevenir irritações ou sensibilidades. Óleos como o de amêndoas doces, coco ou jojoba são altamente recomendados, pois possuem propriedades hidratantes e suaves, que ajudam a proteger a pele.

Antes de aplicar qualquer óleo essencial, deve ser realizado um teste de sensibilidade. Para isso, aplique uma pequena quantidade da mistura diluída na parte interna do antebraço e observe se ocorre alguma reação alérgica, como vermelhidão ou comichão, durante 24 horas.

Além disso, é importante utilizar óleos essenciais mais suaves, uma vez que alguns podem ser demasiado fortes para a pele sensível de um doente oncológico. Óleos como lavanda (L. angustifolia), camomila (C. nobile) e gerânio (Pelargonium hortorum) são opções mais seguras para a aplicação tópica. Óleos como orégano (Origanum vulgare) ou canela (Cinnamomum cassia) devem ser evitados, pois podem causar irritações.

Além de garantir uma diluição adequada, é essencial manter a pele bem hidratada. O uso de óleos vegetais puros, como o óleo de argão (Argania spinosa) ou óleo de rosa mosqueta (Rosa moschata), pode ajudar a preservar a integridade da pele e a prevenir o ressecamento excessivo.

 

O papel do Aromaterapeuta na equipa multidisciplinar

O aromaterapeuta é um profissional especializado no uso de óleos essenciais para aliviar os sintomas relacionados com o cancro. Avalia as necessidades do doente, considerando o tipo de cancro, os tratamentos em curso e os sintomas, criando um tratamento personalizado. A combinação com terapias convencionais é feita de forma segura, respeitando sempre a condição do doente. O aromaterapeuta trabalha em conjunto com a equipa multidisciplinar ajustando o tratamento conforme necessário, garantindo conforto e eficácia. Com uma abordagem individualizada, contribui para melhorar a qualidade de vida dos doentes oncológicos, aliviando sintomas e promovendo o equilíbrio emocional.

Embora a aromaterapia seja uma prática natural, é essencial que seja realizada por profissionais qualificados, especialmente no contexto oncológico. Alguns óleos essenciais podem interagir com tratamentos médicos ou causar reações adversas, por isso, é fundamental consultar sempre um aromaterapeuta certificado antes de iniciar qualquer terapia. O aromaterapeuta saberá quais os óleos mais seguros e eficazes para cada situação, garantindo que o tratamento é tanto seguro quanto benéfico.

Conclusão

Neste Dia Mundial do Cancro, importa lembrar que o cuidado não se limita às intervenções médicas. Promover o bem-estar e o conforto do doente é um gesto essencial, e a aromaterapia pode revelar-se uma valiosa aliada nessa jornada.

Como terapia complementar, a aromaterapia oferece benefícios significativos, promovendo o alívio de sintomas físicos, como dor, náuseas e insónias, além de contribuir para o equilíbrio emocional, ao reduzir a ansiedade e o stress. Quando aplicada de forma segura e personalizada, sob orientação de profissionais qualificados, pode ser integrada harmoniosamente aos tratamentos convencionais, melhorando a qualidade de vida dos doentes.

É fundamental assegurar uma aplicação criteriosa e segura dos óleos essenciais, respeitando as particularidades de cada doente e prevenindo interações indesejadas com tratamentos médicos. Para tal, a formação adequada dos profissionais de saúde desempenha um papel crucial.

Embora não substitua os tratamentos médicos convencionais, a aromaterapia é uma abordagem natural e integrativa que valoriza o cuidado holístico. Investir em investigação científica e na sensibilização dos profissionais de saúde sobre os seus benefícios é um passo importante para que mais doentes possam usufruir dos seus efeitos positivos ao longo da sua jornada.

Neste dia de reflexão e consciencialização, celebremos todas as formas de cuidado que ajudam a transformar a experiência de quem enfrenta o cancro, oferecendo conforto, dignidade e esperança. Que cada gesto de empatia e cada prática terapêutica integrativa sejam um lembrete de que cuidar vai muito além de tratar.

Para Refletir: 💭 A luta contra o cancro🦀 é desafiadora, mas é fundamental cuidar do corpo e da mente 🧘‍♀️. A 🌿aromaterapia 🌸 pode ser uma aliada poderosa, trazendo conforto e bem-estar durante a jornada 🛤️

 

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